Aptidão física: entenda o conceito e suas implicações na prescrição de treino

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Aptidão física (AF) é um termo muito utilizado no âmbito da Educação Física. Entretanto, quando pergunto aos alunos de graduação e pós-graduação, raramente aparece uma definição clara e precisa do termo. Obviamente, se não há uma compreensão exata do que seja aptidão física , a prescrição de treino voltada para esse fim apresentará distorções ou equívocos metodológicos.

Neste post você vai ver:

Aptidão física: o que é?

Como tornar alguém mais apto para tarefas motoras?

Aptidão física é a mesma coisa que condicionamento físico?

O que são habilidades motoras?

O que significa repertório motor?

Treino para melhora de aptidão física não pode ser genérico

De quais contextos emergem nossas tarefas motoras?

Aptidão física: o que é?

De forma simples, mesmo que alguns autores em livros se “percam” com a definição, ter aptidão física significa ESTAR APTO PARA REALIZAR TAREFAS FÍSICAS (MOTORAS). Sendo assim, quanto maior o nível de aptidão física, maior o contingente de tarefas motoras possíveis de serem realizadas.

Veja nesta figura os componentes da aptidão física:

Como tornar alguém mais apto para tarefas motoras?

Conforme o esquema na figura, para isso você deve aprimorar as capacidades motoras e as habilidades motoras dos alunos. Capacidades motoras são características geneticamente determinadas, que influenciam nosso desempenho motor e são aprimoradas com o treinamento. As condicionantes: resistência , força , velocidade e flexibilidade. Todas são dependentes de eventos mecânicos e metabólicos no sistema musculoesquelético . Quanto cada uma é exigida em cada tarefa?

As capacidades motoras coordenativas são: coordenação motora grosseira, fina, de múltiplos membros, óculo-manual, equilíbrios, coordenação espaço-tempo, reação simples e complexa etc. São todas dependentes de mecanismos de controle e regulação do sistema nervoso central (interações sinápticas) sobre a massa muscular. Sem aprimoramento destas capacidades, não há melhora marcante da aptidão física, pois muitas tarefas exigem alto nível de expressão de algumas destas coordenações. Se são tantas, o treino das mesmas não pode ser simples.

Veja este vídeo do nosso canal do youtube onde o Prof. Dr. Cássio Mascarenhas explica o que são capacidades condicionantes e coordenativas:

Aptidão física é a mesma coisa que condicionamento físico?

A resposta é SIM!!! Condicionamento significa ter condição, e, portanto, estar apto. Assim, melhorar a aptidão física ou a condição física de alguém, significa torná-lo capaz (de capacidades) de realizar mais tarefas motoras.

Após falar do papel das capacidades motoras sobre a aptidão física, agora abordaremos o papel das habilidades motoras na determinação da aptidão física.

Quer se aprofundar um pouco mais nessa análise? Veja este vídeo do prof. Dr. Cássio Mascarenhas:

O que são habilidades motoras?

Habilidade é tudo que se aprende, seja no domínio cognitivo, afetivo ou motor. Assim, habilidades motoras são todos os movimentos que aprendemos ao longo da vida, desde o nascimento até a idade adulta.

As habilidades são divididas em duas categorias: habilidades motoras básicas (fundamentais) e específicas. As habilidades motoras básicas, por sua vez, se expressam em 2 tipos essenciais de movimentos: movimentos de locomoção (andar, correr, saltar, girar e rolar) e de manipulação (arremessar, lancar, receber, rebater, quicar e chutar). Habilidade só se aprende com a prática (repetição) e NUNCA mais se perde! Perceba que quanto mais habilidades básicas aprendidas, maiores as possibilidades de engajamento em tarefas motoras mais diversificadas. Isso é APTIDÃO FÍSICA!

O que significa o termo repertório motor?

Significa a quantidade de habilidades aprendidas pelo indivíduo. Consegue enxergar a relação do repertório motor com maior probabilidade de participação espontânea em atividades de jogos e brincadeiras ? Isso é ALEGRIA!

Você sabia que existe uma relação inversa entre repertório motor individual e obesidade? Quanto menor o repertório motor, menor o nível de atividade física espontânea diária e maior a prevalência de obesidade . Não nos importamos com o repertório!

O repertório motor individual determina nosso nível de desenvolvimento motor. Indivíduos com desenvolvimento motor pleno têm TODAS as habilidades motoras básicas aprendidas até os 7 anos de idade! Estão aptos a aprender as habilidades específicas (dos esportes ). Alguém que não tenha essa condição é denominado de “analfabeto motor”. A Educação Física não pode permitir que existam analfabetos motores em pleno século 21. Isso é uma questão de MISSÃO SOCIAL de nossa área! Isso NÃO é aptidão física!

Treino para melhora de aptidão física não pode ser genérico

Por fim, vamos falar porque treinos para aptidão física não podem ser comuns a todos, sem respeitar os princípios da individualidade biológica e da especificidade. Lembre o que é ter aptidão física: estar apto para realizar tarefas motoras e, para isso, aprimoram-se as capacidades motoras condicionantes e coordenativas, e incrementa-se o repertório motor . O ponto de partida para elaboração do processo de treino é discriminar para quais tarefas motoras devo preparar cada aluno. A partir daí, por meio do conhecimento técnico, reconhecemos as capacidades condicionantes e coordenativas requeridas para essas tarefas, as quais envolvem habilidades motoras.

De quais contextos emergem nossas tarefas motoras?

São 3: tarefas comuns a todos, tarefas laborais e tarefas de lazer. Assim, ocupações profissionais distintas determinam demandas distintas de treino. Caso seus alunos tenham lazeres motores distintos, isso implica em mais distinções no processo de treino. Mas se 2 alunos têm a mesma ocupação profissional, justifica-se processos iguais para ambos?

NÃO, pois seria impossível ambos terem o mesmo nível de expressão de todas as capacidades condicionantes e coordenativas, e o mesmo repertório motor, ou seja, a mesma aptidão física. Portanto, processo de treino é SEMPRE INDIVIDUAL E ESPECÍFICO! Por exemplo: quais as tarefas do futebol recreacional, do tênis , da natação, da dança , do moutain bike , do dentista, do fisioterapeuta, do pintor etc? Isso exige saber por exemplo, quantos km são percorridos nas partidas, quantos sprints e em quais distâncias e padrões de deslocamento, qual a velocidade nos sprints, quantos golpes na partida, qual a velocidade média do ciclismo, quantas ações são repetidas no trabalho? Se as tarefas são distintas, o processo de treino não pode ser o mesmo para todos. Nem tudo é tão funcional como se acredita! Discriminar essas tarefas exige respostas técnicas como: quais as resistências e forças básicas e específicas, as relações ótimas de forca entre os músculos , quais são agonistas, sinergistas, qual o volume de treino para cada capacidade em cada microciclo etc? Não é tão simples!

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